Dia 02 de fevereiro celebra-se o dia de Nossa Senhora dos Navegantes, na mitologia Africanca se celebra Yemanjá - Odoya, é sua saudação.
A imagem de Maria está retorna ás águas no dia 2 de fevereiro, numa festa tipicamente popular, que se convencionau chamar dos navegantes. Depois de duas décadas, volta á companhia d@s pobre, pecador@s, d@s negr@s, d@s índi@s, enfim, das águas de onde nunca deveria ter sido separada.
Simples imagem, uma lembrança, e convém lembrar o que ela significa:
O fato de voltar a navegar revela, antes do mais, o Amor Materno, que não se contenta em ficar distante das/os filhas/os queridas/os, como esses monumentos parados e sem vida, cujo passado e razão a maioria do povo ignora. Lembra Alguém que se encarna junto às alegrias e sofrimentos desse povo que ama, vive com ele, singra o rio da vida acompanhando cada um/a, rente às suas necessidades vitais não satisfeitas, denunciando as causas da sua pobreza, da injustiça social que os aflige. Sua atitude, não por ser a do compromisso amoroso, terno, cuidadoso, interessado, deixa-se abater em dolorismo estéril, sem tomar partido nos dolorosos conflitos sob os quais vive o seu povo. Aí, sua coragem de mãe se revela vigorosamente. Expõe-se à terra agredida por onde o rio corre, oprimida e devastada pelo egoísmo das transnacionais, do capital ganancioso e predatório, indiferente ao futuro, que a transforma, indefesa, em simples mercadoria. Adverte-nos que a terra também é mãe e que a sua sobrevivência e fecundidade dependem do nosso cuidado, da preservação do meio-ambiente natural que Deus colocou à disposição da nossa liberdade e da nossa responsabilidade.
Expõe-se à água, fazendo a quilha do seu barco se movimentar para a frente, especialmente ali onde ela está mais poluída, recebendo todo o esgoto do nosso desperdício, do assoreamento dos rios, do seu uso captado prioritariamente para sua exploração econômica, em detrimento da pureza necessária para saciar a sede do povo. Expõe-se ao ar e ao vento, mesmo ao risco das tempestades, das secas, das enchentes, das calamidades que o desequilíbrio ecológico provocado pelo aquecimento global irresponsável vem comprometendo a vida das gerações futuras.
Mãe vigilante e prudente, não quer a beleza do céu e o azul do mar toldados ao nosso olhar, pela fuligem da indiferença e do ódio. Expõe-se à luz e ao calor do sol, a um fogo que, como o do Seu Amor, aqueça sem queimar, iluminando a “mina escura e funda, o chão da nossa vida”, como cantam as/os pobres em homenagem à Aparecida. É um fogo que não cega, gerador de vida e não de morte como o das armas.
Sabendo que a paz é fruto da justiça, ela distingue muito bem a raiva da indignação ética e, por esse sentimento justo de mãe magoada com a injustiça imposta a suas/seus filhas/os, não hesita em esmagar com os seus pés nus a cabeça da serpente que as/os oprime (Gn. 3, 15). Basta-lhe, como se observa por toda a Sua vida, a Sua Identificação como Mãe.
Outros títulos, como o de advogada e rainha, por exemplo, estão muito longe de refletir o Mistério e a Força da vida amorosa dedicada a Seu Filho e para sempre a nós, também, dedicada. Seu testemunho histórico, a propósito, é inquestionável; em visita gentil e serviçal, atenta às necessidades de uma prima grávida, proclama sem medo um Poder que não é dela mas que deixa muito claro a que serviço se empenha: “Mostrou o poder de seu braço e dispersou os que se orgulham dos seus planos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias.” (Lc. 1, 51-53).
Jacques Távora Alfonsin, advogado do MST.
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