Comunidade São Joaquim e Santana, na Vila União. Área Dom Luciano. Campinas / SP

Introdução

Somos Pastoral Afro em todos os lugares.
Nosso contato: boletimafroativo@yahoo.com.br
Um de nossos objetivos é sensibilizar a igreja para o conhecimento das questões étnico-raciais que estão postas em nosso meio.

Romaria das comunidades negras


Tema: A comunidade negra celebra a cultura e paz!
Lema: Com a Mãe Aparecida somos protagonistas de um novo tempo!
1-    A vida se faz no caminhando!
Ao longo da existência o ser humano encontra referenciais importantes para a vida. Dizem que a vida vai além da materialidade, mas encontra sentido também no que é simbólico. Uma caminhada é algo físico, concreto. Contudo o caminhar traz presente outras tantas significações que a colocam além de um mero repetir de passos.
Caminhamos para visitar amigos. Aí é uma caminhada de saudade, marcada pela expectativa do encontro com alguém que queremos bem. Caminhamos para nos divertir. É a caminhada que antecede momentos de alegria e prazer, tempero  necessário à vida e que a tornam mais leve, portanto mais saudável.  
Caminhamos para consolar alguém que sofre ou que está doente. São passos dados plasmados pela dor, mas também pela solidariedade e partilha do que não é tão bom. É uma caminhada para fazer o bem.
Caminhamos em busca de uma notícia boa. É o andar esperançoso por algo significativo que dará outro tom a vida.
Caminhamos em silêncio. A ausência de palavras ditas é preenchida pela profundidade e sentido das palavras não ditas.
Caminhamos em procissão. O canto e a prece, entoados em comum, revelam a comunhão de um povo que, na diferença, procura viver a unidade. 
Jesus caminhava pela Palestina. Antes dele, sua mãe caminhou. Foi até casa de Isabel carregando no ventre o fruto do amor de Deus. Caminhou para servir e partilhar da alegria de ser mãe (Lc 1,39s). A caminhada a levou ao encontro com Isabel que caminhou para lhe saudar dizendo que era uma mulher agraciada/bendita por Deus (Lc 1, 42).
 A caminhada de Maria gerou a caminhada de Jesus, uma caminhada determinada pela perspectiva de fazer “vontade do Pai”. Era (também uma caminhada geradoura de esperança para o povo que descobria, no Nazareno, Deus visitando o seu Povo (Lc 7, 16)). Jesus encontrou em suas andanças gente que o ouviu, gostou e os seguiu (Mc 1, 16 ). Encontrou pessoas gritando por uma mudança na sua vida (Mc 10, 47). Vida mudada e reinício de outra caminhada (Mc 10,52).
Encontrou adversários, que buscaram impedir a caminhada. Não deixou de caminhar. A beira do poço encontrou uma mulher com uma tradição diferente. E, na troca de palavras e de água, se trocou algo muito maior, a certeza o amor de Deus (Jo 4, 7ss).
 Encontrou alguém disposto a caminhar junto, contudo sem disposição para assumir os riscos da caminhada (Mc 10, 17ss). Por outro lado encontrou setenta e dois dispostos a andar e os enviou pelos caminhos para anunciar o Reino de Deus (Lc10, 1ss).
Aproveitou para falar de alguém que, no caminho, encontrou uma vida agonizando. Que adiou por um tempo a viagem, porque no momento não era importante continuar caminhando. Era necessário cuidar da vida fragilizada (Lc 10, 25ss).
No caminho encontrou uma multidão faminta do pão do ensinamento e do pão que alimenta fisicamente. Fez desta parada momentânea um tempo de ensino para o povo e para os discípulos. Ensinou o sentido da partilha (Mc 8, 1ss).
Mesmo cansado teve tempo e paciência para acolher as crianças. Elas tinham algo a ensinar aos adultos e, sobretudo, aos discípulos (Mc 10, 13ss).
No caminho convidou a s pessoas a trocarem seus fardos pesados pelo seu, que era leve e fácil de carregar (Mt 11, 23-30).
Caminhando sobre as águas mostrou aos discípulos que a firmeza da fé e da opção são maiores que as forças contrárias ao Plano de Deus. Caminhando sobre as águas resgatou quem sucumbia pela fragilidade da fé.
Foi ameaçado, mas continuou caminhando. Alegrou-se e sorriu enquanto caminhava. Louvou a Deus porque percebia que os fracos e pequeninos estavam compreendendo a sua proposta.
Continuou caminhando, pois havia um caminho a percorrer até que se cumprisse a vontade do Pai.
No caminho do calvário encontrou as mulheres (Lc 23, 27). No silêncio e na dor encontrou a solidariedade de Cireneu (Mt 27,32). Encontrou com Verônica que enxugou o rosto. Era cuidado para continuar caminhando.
 Caminhou com os Discípulos de Emaus e, como muita paciência, explicou as escrituras, fez arder os corações, abriu-lhes a mente e os provocou a voltarem para Jerusalém e testemunhar o ressuscitado ( Lc 23 13ss).
Nos caminhos da Galiléia encontrou os onze discípulos. Falou da autoridade dada pelo Pai e os enviou para os caminhos do mundo (Mt 28,16ss). Deveriam continuar a caminhada por ele iniciada, continuar a missão...
  O caminhar é mais que uma sucessão de passos. É um andar repleto de vida nova. Depende de como caminhamos.

2-    A caminhada das comunidades negras
As comunidades negras estão caminhando. Não foi um caminho fácil. No entanto junto com as pedras e obstáculos encontrou-se com outros irmãos dispostos a caminhar juntos. Foram feitas paradas para recuperar as forças.
Alguém dos deu um copo de água Muitos demonstraram solidariedade. Não caminharam junto, mas incentivaram a continuar caminhando.
No primeiro sábado de novembro as comunidades são convidadas a fazer outra caminhada. É uma caminhada dentro da caminhada. Vamos até o Santuário da Mãe Aparecida louvar a agradecer a oportunidade de caminharmos enquanto comunidade de fé. Será uma caminhada de festa e alegria. Encontraremos outros caminheiros e lá celebraremos a eucaristia com aquilo que é nosso jeito de ser, rezar e celebrar a vida. Enquanto caminheiros vamos parar na casa da mãe Aparecida e celebrar o nosso carinho pela Padroeira do Brasil.
O povo brasileiro tem um amor muito grande a Nossa Senhora. Vai ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida porque acredita que Ela é a medianeira de todas as graças e sua intercessora junto de Deus. Maria, que foi uma mulher simples, pobre, humilde e cheia de Deus coloca dentro do coração de cada romeiro sua benevolência maternal, convidando-o(a) a amar seu Filho. Ser romeiro de Nossa Senhora é ter a certeza de que ela carrega as nossas dores e esperanças com sua fortaleza de mulher e agraciada por Deus. É ver nela a mão que intercede em favor de seus filhos e filhas para que comece a acontecer já aqui  na terra o Reino de Deus.

2.1- Caminhamos também em Romaria

    
    As romarias são uma prática religiosa muito difundida em quase todas as religiões é a romaria, isto é, a peregrinação a lugares considerados sagrados, que tem um significado especial na vida do povo.
      A peregrinação é sinal de que as pessoas buscam a Deus. Rezam com a mente e os lábios, mas também com os pés e todo o corpo, pondo-se a caminho. Deus está sempre à frente ( Ex  e nos chama a caminhar: sair de nós mesmos para a terra estrangeira e sagrada do “outro”, do “diferente”.
      Peregrinação é uma “viagem” que se faz a um lugar consagrado ou dedicado a uma das pessoas divinas, a Nossa Senhora ou a um santo. Toda peregrinação deve ser caminho para uma vida melhor e mais profunda. O povo vai ao santuário, faz promessas e cumpre seus votos para obter saúde, paz e vida feliz. A peregrinação é símbolo de uma vida peregrina. Desde o nascer até o instante da última viagem somos todos caminhantes.  Existem pessoas e comunidades que assumem a itinerância como forma de viver, para trabalhar ou simplesmente para fugir das guerras e perseguições. No mundo atual, milhões de nômades reivindicam o direito a itinerar como forma de vida. No Brasil, muitos povos indígenas peregrinam todo o tempo, como o guarani, “em busca da terra sem males”.
      As pessoas precisam de símbolos. Por isso, Deus aceita as romarias. O próprio Jesus fazia peregrinações. Foi numa romaria em Jerusalém que deu a sua vida pelo mundo. Mas, ele nos ensinou a peregrinar com o coração para o misterioso santuário da presença de Deus no outro ser humano, ou na comunidade religiosa, culturalmente diferente de nós.

3-     Histórico das romarias  das comunidades ao Santuário de Aparecida
            No dia 20 de novembro, os afro-brasileiros celebram o Dia da Consciência Negra. Para abrir as comemorações e unir as entidades negras católicas numa grande festa (kizomba), foi instituída a Romaria das Comunidades Negras ao Santuário Nacional de Aparecida. O Santuário Nacional de Aparecida foi escolhido porque é ali que acorrem tantos romeiros para demonstrar o seu carinho para com a padroeira do Brasil. Ela é nossa Mãe negra e a nossa Mariama, isto é Maria e ama.
             É uma celebração de festa e memória. Em comunhão com o memorial de Jesus Cristo recordamos a caminhada dos negros e negras nesta terra abençoada por Deus.
Celebrando a nossa caminhada, de tudo de bonito que tem acontecido na nossa história, reforçamos a opção cristã pela vida em todas as suas dimensões.
Por isso, é a comunidade negra que está em festa, a qual, além da celebrar a memória do Mestre de Nazaré, se reúne para partilhar, cantar, dançar e mostrar a sua criatividade. A tradição cultural afro-religiosa tem na comunidade a expressão maior de sua vivência. Trabalhos, festas, atividades religiosas, tudo está relacionado com a participação da comunidade. Deus se manifesta nas expressões comunitárias (Versão popular do Estudo da CNBB 85, n. º 33).  
     Cada ano cresce a animação, a organização, a qualidade, a quantidade e o envolvimento de grupos organizados da pastoral afro-brasileira. Porque se acredita em nós e no Espírito de unidade que nos move. Vindos de muitos estados, de todo jeito. Todos com fé, com esperança na força da nossa comunhão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário