Tema: A comunidade negra celebra a cultura e
paz!
Lema: Com a Mãe Aparecida somos protagonistas
de um novo tempo!
1- A vida se faz no caminhando!
Ao longo da
existência o ser humano encontra referenciais importantes para a vida. Dizem
que a vida vai além da materialidade, mas encontra sentido também no que é
simbólico. Uma caminhada é algo físico, concreto. Contudo o caminhar traz
presente outras tantas significações que a colocam além de um mero repetir de
passos.
Caminhamos para
visitar amigos. Aí é uma caminhada de saudade, marcada pela expectativa do
encontro com alguém que queremos bem. Caminhamos para nos divertir. É a
caminhada que antecede momentos de alegria e prazer, tempero necessário à vida e que a tornam mais leve,
portanto mais saudável.
Caminhamos para
consolar alguém que sofre ou que está doente. São passos dados plasmados pela
dor, mas também pela solidariedade e partilha do que não é tão bom. É uma
caminhada para fazer o bem.
Caminhamos em busca
de uma notícia boa. É o andar esperançoso por algo significativo que dará outro
tom a vida.
Caminhamos em
silêncio. A ausência de palavras ditas é preenchida pela profundidade e sentido
das palavras não ditas.
Caminhamos em
procissão. O canto e a prece, entoados em comum, revelam a comunhão de um povo
que, na diferença, procura viver a unidade.
Jesus caminhava pela
Palestina. Antes dele, sua mãe caminhou. Foi até casa de Isabel carregando no ventre
o fruto do amor de Deus. Caminhou para servir e partilhar da alegria de ser mãe
(Lc 1,39s). A caminhada a levou ao encontro com Isabel que caminhou para lhe
saudar dizendo que era uma mulher agraciada/bendita por Deus (Lc 1, 42).
A caminhada de Maria gerou a caminhada de
Jesus, uma caminhada determinada pela perspectiva de fazer “vontade do Pai”. Era
(também uma caminhada geradoura de esperança para o povo que descobria, no
Nazareno, Deus visitando o seu Povo (Lc 7, 16)). Jesus encontrou em suas
andanças gente que o ouviu, gostou e os seguiu (Mc 1, 16 ). Encontrou pessoas
gritando por uma mudança na sua vida (Mc 10, 47). Vida mudada e reinício de
outra caminhada (Mc 10,52).
Encontrou adversários, que buscaram impedir a
caminhada. Não deixou de caminhar. A beira do poço encontrou uma mulher com uma
tradição diferente. E, na troca de palavras e de água, se trocou algo muito
maior, a certeza o amor de Deus (Jo 4, 7ss).
Encontrou alguém disposto a caminhar junto,
contudo sem disposição para assumir os riscos da caminhada (Mc 10, 17ss). Por
outro lado encontrou setenta e dois dispostos a andar e os enviou pelos
caminhos para anunciar o Reino de Deus (Lc10, 1ss).
Aproveitou para falar
de alguém que, no caminho, encontrou uma vida agonizando. Que adiou por um
tempo a viagem, porque no momento não era importante continuar caminhando. Era
necessário cuidar da vida fragilizada (Lc 10, 25ss).
No caminho encontrou
uma multidão faminta do pão do ensinamento e do pão que alimenta fisicamente.
Fez desta parada momentânea um tempo de ensino para o povo e para os
discípulos. Ensinou o sentido da partilha (Mc 8, 1ss).
Mesmo cansado teve
tempo e paciência para acolher as crianças. Elas tinham algo a ensinar aos
adultos e, sobretudo, aos discípulos (Mc 10, 13ss).
No caminho convidou a
s pessoas a trocarem seus fardos pesados pelo seu, que era leve e fácil de
carregar (Mt 11, 23-30).
Caminhando sobre as
águas mostrou aos discípulos que a firmeza da fé e da opção são maiores que as
forças contrárias ao Plano de Deus. Caminhando sobre as águas resgatou quem
sucumbia pela fragilidade da fé.
Foi ameaçado, mas
continuou caminhando. Alegrou-se e sorriu enquanto caminhava. Louvou a Deus
porque percebia que os fracos e pequeninos estavam compreendendo a sua
proposta.
Continuou caminhando,
pois havia um caminho a percorrer até que se cumprisse a vontade do Pai.
No caminho do
calvário encontrou as mulheres (Lc 23, 27). No silêncio e na dor encontrou a
solidariedade de Cireneu (Mt 27,32). Encontrou com Verônica que enxugou o
rosto. Era cuidado para continuar caminhando.
Caminhou com os Discípulos de Emaus e, como
muita paciência, explicou as escrituras, fez arder os corações, abriu-lhes a
mente e os provocou a voltarem para Jerusalém e testemunhar o ressuscitado ( Lc
23 13ss).
Nos caminhos da
Galiléia encontrou os onze discípulos. Falou da autoridade dada pelo Pai e os
enviou para os caminhos do mundo (Mt 28,16ss). Deveriam continuar a caminhada
por ele iniciada, continuar a missão...
O caminhar é mais que uma sucessão de passos.
É um andar repleto de vida nova. Depende de como caminhamos.
2- A caminhada das comunidades negras
As comunidades negras
estão caminhando. Não foi um caminho fácil. No entanto junto com as pedras e
obstáculos encontrou-se com outros irmãos dispostos a caminhar juntos. Foram
feitas paradas para recuperar as forças.
Alguém dos deu um copo de água Muitos demonstraram solidariedade. Não caminharam junto, mas incentivaram a continuar caminhando.
Alguém dos deu um copo de água Muitos demonstraram solidariedade. Não caminharam junto, mas incentivaram a continuar caminhando.
No primeiro sábado de
novembro as comunidades são convidadas a fazer outra caminhada. É uma caminhada
dentro da caminhada. Vamos até o Santuário da Mãe Aparecida louvar a agradecer
a oportunidade de caminharmos enquanto comunidade de fé. Será uma caminhada de
festa e alegria. Encontraremos outros caminheiros e lá celebraremos a
eucaristia com aquilo que é nosso jeito de ser, rezar e celebrar a vida.
Enquanto caminheiros vamos parar na casa da mãe Aparecida e celebrar o nosso
carinho pela Padroeira do Brasil.
O povo brasileiro tem
um amor muito grande a Nossa Senhora. Vai ao Santuário de Nossa Senhora
Aparecida porque acredita que Ela é a medianeira de todas as graças e sua
intercessora junto de Deus. Maria, que foi uma mulher simples, pobre, humilde e
cheia de Deus coloca dentro do coração de cada romeiro sua benevolência
maternal, convidando-o(a) a amar seu Filho. Ser romeiro de Nossa Senhora é ter
a certeza de que ela carrega as nossas dores e esperanças com sua fortaleza de
mulher e agraciada por Deus. É ver nela a mão que intercede em favor de seus
filhos e filhas para que comece a acontecer já aqui na terra o Reino de Deus.
2.1-
Caminhamos também em Romaria
As
romarias são uma prática religiosa muito difundida em quase todas as religiões
é a romaria, isto é, a peregrinação a lugares considerados sagrados, que tem um
significado especial na vida do povo.
A peregrinação é sinal de que as pessoas
buscam a Deus. Rezam com a mente e os lábios, mas também com os pés e todo o
corpo, pondo-se a caminho. Deus está sempre à frente ( Ex e nos chama a caminhar: sair de nós mesmos
para a terra estrangeira e sagrada do “outro”, do “diferente”.
Peregrinação é uma “viagem” que se faz a
um lugar consagrado ou dedicado a uma das pessoas divinas, a Nossa Senhora ou a
um santo. Toda peregrinação deve ser caminho para uma vida melhor e mais
profunda. O povo vai ao santuário, faz promessas e cumpre seus votos para obter
saúde, paz e vida feliz. A peregrinação é símbolo de uma vida peregrina. Desde
o nascer até o instante da última viagem somos todos caminhantes. Existem pessoas e comunidades que assumem a
itinerância como forma de viver, para trabalhar ou simplesmente para fugir das
guerras e perseguições. No mundo atual, milhões de nômades reivindicam o
direito a itinerar como forma de vida. No Brasil, muitos povos indígenas
peregrinam todo o tempo, como o guarani, “em busca da terra sem males”.
As pessoas precisam de símbolos. Por
isso, Deus aceita as romarias. O próprio Jesus fazia peregrinações. Foi numa
romaria em Jerusalém que deu a sua vida pelo mundo. Mas, ele nos ensinou a
peregrinar com o coração para o misterioso santuário da presença de Deus no
outro ser humano, ou na comunidade religiosa, culturalmente diferente de nós.
3- Histórico
das romarias das comunidades ao Santuário
de Aparecida
No dia 20 de novembro, os
afro-brasileiros celebram o Dia da
Consciência Negra. Para abrir as comemorações e unir as entidades negras
católicas numa grande festa (kizomba), foi instituída a Romaria das Comunidades
Negras ao Santuário Nacional de Aparecida. O Santuário Nacional de Aparecida
foi escolhido porque é ali que acorrem tantos romeiros para demonstrar o seu
carinho para com a padroeira do Brasil. Ela é nossa Mãe negra e a nossa
Mariama, isto é Maria e ama.
É
uma celebração de festa e memória. Em comunhão com o memorial de Jesus Cristo
recordamos a caminhada dos negros e negras nesta terra abençoada por Deus.
Celebrando a nossa
caminhada, de tudo de bonito que tem acontecido na nossa história, reforçamos a
opção cristã pela vida em todas as suas dimensões.
Por isso, é a
comunidade negra que está em festa, a qual, além da celebrar a memória do
Mestre de Nazaré, se reúne para partilhar, cantar, dançar e mostrar a sua
criatividade. A tradição cultural
afro-religiosa tem na comunidade a expressão maior de sua vivência. Trabalhos,
festas, atividades religiosas, tudo está relacionado com a participação da
comunidade. Deus se manifesta nas expressões comunitárias (Versão popular
do Estudo da CNBB 85, n. º 33).
Cada ano cresce a animação, a organização, a qualidade, a quantidade e o
envolvimento de grupos organizados da pastoral afro-brasileira. Porque se
acredita em nós e no Espírito de unidade que nos move. Vindos de muitos
estados, de todo jeito. Todos com fé, com esperança na força da nossa comunhão.
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