Comunidade São Joaquim e Santana, na Vila União. Área Dom Luciano. Campinas / SP

Introdução

Somos Pastoral Afro em todos os lugares.
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Um de nossos objetivos é sensibilizar a igreja para o conhecimento das questões étnico-raciais que estão postas em nosso meio.

Memória



Ah!
Um afago,
E já esquecem da chibata.
Ela cortou a carne de muita gente de coragem,
Gente que caiu sob o peso do trabalho,
Gente que levantou a voz contra quem o oprimia,
Gente que dançava e cantava pedindo força aos ancestrais,
A força da grande “casa na aldeia”, que é nossa Mãe Terra.
Não peço revolta contra quem lhe bateu,
Afinal antes mesmo de sermos conhecidos como gente,
Já os aceitávamos como irmãos.

Peço memória,
Memória de suas raízes,
De sua gente,
De sua história,
A qual, diferente da dos manuais,
Possuía muitos heróis e guerreiros,
Reis e rainhas, príncipes e princesas,
Grandes conhecedores dos segredos da natureza
E grandes líderes de resistência.

Peço memória,
De sua língua materna,
De seu culto sagrado,
De sua comida,
Que antes era feita das sobras da casa grande
E hoje são pratos de dia de domingo.
Vamos fazer a quizomba,
A festa, a celebração.
Mas não festa por festa,
Samba por samba,
Batuque por batuque.
Que seja a festa da rememoração,
Da lembrança de um povo,
Como tantos outros povos,
Que possui sua singularidade,
Muitas vezes desrespeitada,
Marginalizada,
Por causa do preconceito e da intolerância.
Saiamos dos shoppings,
Voltemos aos terreiros,
Saiamos do conformismo ideológico
E voltemos à militância quilombola.
Acorda negro,
Tira da margem a sua história,
Refaça a história de seu povo,
Faça a memória.
Ah!
Um afago e já esquecem a chibata.


Thiago Augusto da Silva
(28/05/2012)

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